A Sociedade do Anel revela implícita e explicitamente como é nossa relação em sociedade, diversas interações em grupo que surgem durante o caminho ao qual a comitiva deverá percorrer mostra como nos portamos em grupo, o relacionamento de amizade e respeito estabelecidos por Frodo e Sam, por exemplo, a confiança que ambos depositam na amizade que possuem, por parte de Sam, ao largar sua vida no Condado para seguir e proteger seu amigo, e Frodo, ao tentar relegar a companhia de seu amigo no início da jornada para preservar sua vida, situações que deixam claro o poder que a verdadeira amizade pode levar as pessoas a realizarem as piores tarefas que são destinadas a cumprirem, se ao seu lado tiverem alguém que ás apoie, o fardo com certeza será mais leve.
Outros exemplos de relacionamentos em sociedade são estabelecidos no livro, dentro da comitiva também há ganância, um lado obscuro do ser humano que tenta se beneficiar em todas as situações, sem se preocupar com as consequências que suas ações irão causar ao grupo que pertence, Boromir é um deles, que ao tentar tomar o anel de Frodo acaba sucumbindo e perdendo o controle de si, seu desejo de ter para si algo que não era seu o fez perder a razão e tentar atingir àqueles que deveria proteger.
Mas também há qualidades nobres entre os companheiros de Frodo, a humildade, talvez a mais real de todas as qualidades, é aquela que faz com que a sociedade seja melhor, Aragorn demonstra deste sua primeira aparição que é um homem humilde e sabe se colocar em seu lugar sem jamais querer impor sua vontade através do poder que possui ou do conhecimento que tem, ele apesar de ser o herdeiro de uma raça nobre, descender de uma linhagem de reis e ter em seu destino governar os povos da Terra Média, busca a todo o momento abster-se deste título, mantendo-se no anonimato como um simples guardião, e quando este segredo vem à tona ele busca manter-se fiel a seus princípios e continuar ajudando a todos sem demonstrar nunca superioridade, um gesto que poucas pessoas possuem nos dias atuais, tentar ajudar sem querer ser reconhecido por isso.
Características tipicamente humanas, mas que são apresentadas na obra de Tolkien com grande detalhamento, amizade, ganância, humildade, companheirismo, dentre outras, que revelam as diversidades que a história está baseada, diferenças de personalidades, de princípios morais, dentro de um mesmo grupo, que leva o leitor a pensar quem realmente é o herói e quem deve ser o vilão, que qualidades deixam claro essa distinção a ser adotada, uma análise mais profunda da personalidade de alguns personagens nos revela que julgar sem ter certeza pode estar sendo um grande erro, talvez Boromir realmente estivesse errado, mais quais foram os motivos que o levaram a assumir sua última e fatal decisão de tomar o anel para si, a fraqueza que demonstrou naquela hora não seria um sinal de determinação, de comprometimento com os seus, com seu povo, familiares que deixou para trás, ele talvez tivesse em seu coração o desejo de ajudar, mas o poder que vem do Um Anel perverte toda e qualquer boa intenção, assim como nossas fraquezas reais, o ser humano em seu desejo de fazer o bem, quantas vezes não se perdeu neste caminho rumando para o lado escuro de sua mente.
Durante toda jornada percebemos a coragem de pequenos hobbits, em comparação a todo aquele mundo de seres maléficos, grandes reis, magos sábios, mas que ao final prevaleceu somente o poder da amizade. Foram a determinação de Frodo e Sam que decidiram o destino da Terra Média, a bravura e sinceridade de Merry e Pippin que uniram e deram forças ao que sobrou da comitiva para seguir em frente e acreditar na vitória.
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