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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Precisamos de Heróis?




Será realmente que estamos tão longe de desejarmos um pouco essa realidade criada pelos quadrinhos?



Olhamos para nosso pequeno planeta e pensamos todos os dias, “O que está acontecendo conosco? Para onde tudo isso vai nos levar?”, guerras, destruição, miséria, egoísmo, preconceito, indiferença, são tantos os motivos de nossa vergonha, que talvez devêssemos sonhar um pouco, e se? ... e se isso fosse possível? Vamos sonhar então...

Super-heróis, tema chato este? Pensaria os excêntricos leitores de Tolkien ou fãs da literatura em geral, coisas da moda, trazidas pelo advento do cinema talvez! Mas Tolkien soube usar-se tão bem de seus personagens, sua criação foi tão intrínseca com os lendários heróis das diversas mitologias (nórdicas e germânicas), que coloca em verdade a importância sobre este assunto, qual a ligação entre personagens descritos no Silmarillion e àqueles 

das Edda Poéticas, em meu último artigo defendi suas semelhanças, mas cabe agora definir suas características segundo uma visão contemporânea, foram eles heróis em seu tempo, um modelo criado para diferenciar o bem do mau, suas lendas tiveram como objetivo refletir naquele momento o desejo de um povo, salvação!
Suas histórias, bem como as nossas, são uma metáfora do que inconscientemente desejamos, seus “Deuses” são nossos “Heróis”, precisamos de exemplos que nos guiem, assim como a mitologia nórdica precisava de exemplos para classificar o que era certo e o que não era, tendo de um lado àqueles que buscavam o bem e por outro aquele que o perturbava, mas nos dois casos, tanto a figura do mau ou do bem, temos exemplos de atitudes que exemplificam nossa vontade de mudança ou redenção, como exemplo o “Deus Loki...
 Considerado o mais complexo de todos os deuses nórdicos, pode-se dizer que ele não é apenas sinônimo de Escuridão, como dizem, nem tampouco somente o “Mau”, é mais complicado do que isto, ele pode ser sim a consciência das pessoas, um lado que todo ser humano possui, mas nega-se a assumir, que apesar de querer às vezes fazer algo errado, sempre acaba por arrepender-se, na lenda deste deus nórdico, vemos sempre trechos que, apesar da tentativa de prejudicar os que ama, no final acaba por ajuda-los de alguma forma, exemplo nesta passagem do livro “As melhores histórias da mitologia nórdica” de Carmen Seganfredo:
“De toda esta brincadeira, resultou, afinal, que os deuses ganharam alguns brinquedinhos novos para se divertir, enquanto Loki, com uma ferida nova e inestancável na alma, tornara-se ainda mais pérfido, decidido...”
Mesmo que inconscientemente ele ajudou, usou sua diplomacia e como bem é descrito, Loki sabe como dizer as verdades que menos queremos ouvir, uma forma de auto análise, mas fica longe de ser modelo a ser seguido, assim como alguns personagens de Tolkien, que por não se considerarem heróis, acabaram indiretamente sendo, mesmo ainda tendo seu lado obscuro, como Loki, Boromir (guerreiro de Gondor), desejou tomar para si um objeto de poder, mas em seu coração o objetivo era para fazer o bem, era honrado e bom, morreu 
defendendo àqueles que jurou proteger, não era em todo somente luz, havia um pouco de escuridão em sua mente, uma linda metáfora criada para sugestionarmos como somos fracos, e podemos mudar nossos objetivos se houver algo maior a buscar!
Tanto heróis como anti-heróis, Loki, Boromir ou Thor e Aragorn, dentre outros da gama enorme de personagens das histórias da literatura ou das em quadrinho, podem ser definidos como grandes personalidades carentes, com falta de autoestima talvez, falta algo para estarem completos, alguns, o ego chega tão alto que precisam ser amados completamente, e nem sempre conseguem isso, mas no final o que realmente querem tanto para o bem ou supostamente para o mau, reflete o que nós “personagens da vida real” buscamos como modelo, reflexo de nossas angustias, medos, raivas, nossas vontades, queremos ser amados, e precisamos de exemplos que nos lembrem que isso pode existir, seja em histórias ou em filmes.
O mundo sofreu mudanças tão profundas nas últimas décadas que refletimos nossos desejos de salvação em nossos personagens tão amados ou odiados, às vezes até mesmo em nosso subconsciente buscamos a resposta, será que realmente não queremos, como disse o personagem de Tom Hiddleston, Loki, no filme Vingadores: “Vocês foram feitos para serem governados”
...não no sentido de subjugados ou dominados, mas sim administrados, comandados com zelo. Pois neste ritmo, precisaremos tão logo de pulso firme para conter nossos extremos, será que aceitaríamos exemplos de heróis e anti-heróis como das telonas do cinema?
O comentário de Hiddleston á respeito da sua interpretação como Loki é perfeito neste momento, quando diz:
“Atores em qualquer cargo, artistas de qualquer faixa, são inspirados por sua curiosidade, pelo desejo de explorar todos os cantos da vida, na luz e no escuro, e refletir o que encontram em seu trabalho. Artistas instintivamente querem refletir humanidade, a sua própria e cada um do outro, em toda a sua virtude intermitente e fragilidade, vitalidade e falibilidade.”
Queremos bons exemplos, necessitamos dessas metáforas modernas, precisamos de heróis, mesmo que fictícios (talvez alguns reais), mais modestos e menos reluzentes que os do cinema, mas como é um sonho, talvez alguns poucos como Super-homem, Capitão-América, até mesmo o favorito anti-herói Batman, bastariam para um planeta lutando para sobreviver como o nosso!
Será realmente que “a vida não poderia imitar a arte?”, a profundidade que estes personagens nos revelam atualmente prova o quanto estamos perto de entender nossos reais desejos, não bastam somente grandes poderes, há por trás de suas máscaras uma complexa variedade de qualidades, sentimentos humanos, preocupações e frustrações, nossas emoções, refletidas em suas personalidades, alguns de nossos defeitos também, a metáfora do descontrole emocional de Hulk, a solidão de Batman, a decepção familiar de Loki, a auto confiança e imaturidade de Thor, a vaidade e perspicácia do Homem de Ferro, e todos apesar disso tem em comum sentimentos humanos, exceto Loki (que ainda busca entender seus próprios objetivos) tem como finalidade a procura por fazer o bem.
Mitos, lendas, heróis ou deuses, precisaremos sempre deles, sejam mitológicos ou uma criação fictícia, como professora, tenho como modelo prático meus alunos, pessoas em formação, que vejo a cada instante se comoverem e direcionarem suas opiniões sempre que surge o comentário sobre determinado Super-herói, querem entender suas ações e discutir suas personalidades, é infinito o interesse e as ideias sobre seus personagens favoritos, seus modelos de pessoas melhores.
Então sonhemos juntos, qual herói gostaríamos de ter por perto quando ninguém mais estiver?



Por Luziane da Palma.

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